TUBARÃO:
VÍTIMA OU VILÃO
Na semana passada a
praia de Boa Viagem, no Recife, foi cenário de mais um ataque de tubarão a uma
banhista de 18 anos. A paulista Bruna Giobbi estava curtindo a praia na
segunda-feira, 22 de julho, quando foi surpreendida por uma tubarão e morreu
horas depois no hospital. O incidente gerou muito discussão na mídia porque o
ataque foi captado pelas câmeras de monitoramento da orla de Recife.
Mas o que deveria ser tratado de forma ampliada foi basicamente restrita a ferocidade do ataque e ao risco de nadar na praia de
Boa Viagem. O que de fato o público precisa saber é por que
os ataques de tubarão ficaram tão frequentes em Recife?
O litoral pernambucano é rico em tubarões Cabeça
Chata, espécie agressiva que necessita subir os rios para se reproduzir e que num
ambiente ecologicamente equilibrado não oferece nenhum risco a população. Prova disso é a ausência de ataques nas praias de Fernando de Noronha. Os ataques na orla pernambucana começaram a ocorrer após o fechamento dos rios que desaguavam no mar e a construção do
Porto de Suape, que impediu o acesso dos tubarões aos rios e ocasionou um declínio na
oferta de alimento. Famintos os tubarões começaram a se aproximar das praias e
instintivamente acabam testando os banhistas e gerando incidentes horríveis.
Para o professor de
oceanografia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e coordenador
das ações do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões
(Cemit), Fábio Hazin, a aproximação do animal é causada, principalmente, pela
ação humana seja através da criação de portos ou da‘engorda’ das praias
brasileiras. Em palestra na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o
referido professor frisou que o tráfego marítimo e a atividade portuária são os
principais fatores que atraem a presença dos tubarões à costa. Além disso, a existência de canais facilita a chegada dos
tubarões, que ficam forçados a mudar sua rota migratória e se direcionar para o
litoral. (SANTOS, 2013)
Depois da morte de Bruna Giobbi a mídia começou a pedir que os órgãos governamentais evitem os ataques através da interdição das praias ou do uso de redes para impedir a aproximação de tubarões. Mas as duas opções não resolvem o problema porque tratam os tubarões como invasores e não como espécies pertencentes ao ecossistema. Além disso, a colocação de redes levaria a morte de muitos tubarões e ao desequilíbrio da cadeia alimentar do litoral pernambucano. Para o professor Fábio a melhor forma de controle dos ataques seria o monitoramento, captura, marcação e soltura em alto mar dos
tubarões que se aproximam dos banhistas. Segundo o Especialista, depois de capturados e levados ao alto-mar os tubarões tendem a seguir para as profundezas das águas e raramente voltam à costa.
Como se vê os ataques
de tubarão são ocasionados por uma ação humana que, de certa forma, os
encarceram próximo ao litoral limitando a oferta de alimento. Para o problema não existe solução imediata, cabe aos governos locais buscar as alternativas mais viáveis que garantam o equilíbrio do ecossistema e o bem estar dos animais. Nesse caso os animais não são os agressores
e sim as vítimas da interferência humana no meio ambiente.
Como disse o Cacique Seatle, em 1854, na carta ao Presidente Norte-Americano Franklin Pierce: “Tudo que fere a terra fere os filhos da terra.”
Por: L. Gonçalo.
REFERÊNCIA:
SANTOS, Renata. Combate
aos ataques de tubarão deve levar em conta ecossistema. In: ASCOM/UFPE.
Disponível em: https://mail.google.com/mail/u/0/?shva=1#inbox/140129bca58d490a.
Publicada em 24/07/2013. Acesso em: 28/07/2013.
Foto: Maria Eduarda
Barbosa
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