quarta-feira, 25 de setembro de 2013

PESQUISA REVELA QUE LEI MARIA DA PENHA NÃO REDUZIU MORTES POR VIOLÊNCIA



LEI MARIA DA PENHA NÃO GARANTE SEGURANÇA DAS MULHERES



A Lei Maria da Penha entrou em vigor em 2006 para combater a violência contra a mulher e foi considerada uma revolução. De fato a lei prevê a punição para os crimes de violência contra a mulher, mas sua aplicação necessita de mudanças drásticas para efetivamente garantir a segurança das mulheres. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que a referida  lei não teve impacto no número de mortes por este tipo de violência. Segundo o estudo as taxas de mortalidade foram 5,28 por 100 mil mulheres no período 2001 a 2006 (antes da lei) e de 5,22 em 2007 a 2011 (depois da lei), são 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia. (G1-SP, 2013) 

Significa dizer que mesmo depois da lei as mulheres ainda continuam desprotegidas. Estou acompanhando um caso de violência contra mulher e não me surpreendo com o resultado da pesquisa e vou explicar por que. A lei Maria da Penha assegura a mulher o direito de denunciar o seu agressor, de solicitar uma medida protetiva, de solicitar um abrigo quando a mulher não tem onde se proteger do agressor. Além disso a lei também garante a denúncia, mesmo contra a vontade da vítima podendo a qualquer cidadão denunciar casos de violência contra a mulher. O problema é retirar a lei do papel.

A pessoa que estou acompanhando passou a adolescência e a juventude sendo assediada e perseguida por um homem, que quer namorá-la mesmo contra sua vontade. Em março deste ano ele tentou agredi-la numa festa e dias depois a ameaçou de morte, em praça pública e na frente de testemunhas. O sujeito é filho de militar e tem armas em casa. Desde então a vítima tomou as medidas cabíveis, efetuou queixa na delegacia, entrou com um pedido de medida protetiva e está desde abril esperando que o sujeito seja processado e cumpra a lei. Enquanto a lei não é cumprida ele segue perseguido, ameaçando e difamando a vítima.

Mas como um país que tem uma das melhores leis em defesa da mulher não consegue efetivamente garantir a segurança dessas vítimas? Simplesmente porque o país não implantou a estrutura necessária para o cumprimento da referida lei. Estou me referindo as Delegacias das Mulheres, as casas abrigo e ao processo judicial, que é lento demais e que não tem meios para fiscalizar(vigiar) o agressor. O resultado são mulheres assassinadas após meses de denúncias, boletins de ocorrência.

Talvez seja preciso retratar as várias vítimas da violência doméstica em um livro, contar toda a rotina de terror enfrentada por essas mulheres e processar novamente o Brasil no Comitê Interamericano dos Direitos Humanos para garantir a obrigatoriedade de delegacias femininas em todas as cidades da União e a criação de casas abrigos em todas as cidades com mais de 30 mil habitantes além da implantação de um sistema de monitoramento via GPS do agressor para que a polícia o prenda mediante sua aproximação da vítima. 

Pelo histórico nacional será  preciso que mais mulheres sejam massacradas, como Maria da Penha foi, para que o governo se manifeste? A Lei Maria da Penha é um grande passo rumo a valorização da mulher, mas para que ela funcione de verdade é preciso ação, afinal os feminicídios são eventos completamente evitáveis, que abreviam as vidas de muitas mulheres jovens, causando perdas inestimáveis, além de consequências potencialmente adversas para as crianças, para as famílias e para a sociedade.



Por: L. Gonçalo.


REFERÊNCIA:


G1-SP. Lei Maria da Penha não reduziu morte de mulheres por violência, diz Ipea. Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/09/lei-maria-da-penha-nao-reduziu-morte-de-mulheres-por-violencia-diz-ipea.html . Publicado em: 25/09/13. Acesso em: 25/09/13.

Foto:Josefranciscoartigos.blospot.com.br

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